domingo, 23 de março de 2008

Introdução

O propósito de um designer é agregar estética e função a um produto, tornando-o eficiente e atraente para o usuário.

A tarefa difícil é agregar todas as informações necessárias e esperadas pelos clientes e usuários, no menor tempo em que você conseguir concluí-lo (ou não), deve chamar atenção, ter diferencial, atingir o público-alvo esperado, expressar a atitude da marca, ser ecologicamente correto, entre várias outras características que consideramos sem nem mais pensar nelas. E é nessa automação que ignoramos algumas alternativas diferentes e bem simples que poderiam nos poupar tempo e estresse.

O fato é que a grande tendência ao fazermos trabalhos parecidos, é automatizarmos o processo ao longo do tempo. Isso nos torna mais eficazes, mas ao mesmo tempo mais preguiçosos na busca de novas soluções.

Há várias maneiras de diferenciar o seu produto e torná-lo o melhor da categoria, no entanto, o objetivo desse projeto é otimizar tanto o valor do seu projeto quanto a experiência do usuário, apresentando alguns conceitos com ênfase no estímulo sensorial e na carga emocional gerada por ele.

Antes de pensarmos em tornar nosso produto conhecido mundialmente e vendermos milhões de peças, devemos considerar que ele tem que, acima de tudo, atender a que veio.

Por que sentidos? Às vezes parece meio óbvio que devamos estimular sensorialmente nosso público-alvo e intuitivamente fazemos isso toda hora. Entretanto, aplicar esses conceitos racionalmente pode fazer toda a diferença, porque assim selecionamos qual sentido se aplica melhor ao trabalho que estamos desenvolvendo.

Na grande parte das vezes, chegamos a uma solução visual e ela pode dar certo. No entanto, poderíamos perder bastante tempo tentando fugir de modismos, lugares comuns e da supersaturação de informação do mercado, quando a resposta pode estar mais próxima que pensamos. Quando somos bombardeados por estímulos visuais, a habilidade de assimilar a informação é restrita a sete mensagens diferentes.


A tabela abaixo mostra a distribuição discrepante da absorção de informações pelos consumidores.

Visão - 83%
Audição - 11%
Olfato - 3,5%
Tato - 1,5%
Paladar - 1%



Atualmente não precisamos ir tão longe para concluir que a eficiência do acesso à informação, seja de um produto, um anúncio ou qualquer outro tipo de mensagem que queiramos transmitir, precisa ser aperfeiçoada. Há um enorme número de interferências que podem comprometer a recepção dessa comunicação, tais como limitações físicas, excesso de informação, aparelhos musicais, celulares e outras mais que nos deparamos diariamente.

Um bom exemplo de interferência que ocorre muito freqüentemente é a dificuldade de visualização do número de um ônibus que se aproxima do ponto. Muitas pessoas têm dificuldade em identificar o número de uma distância longa e um artifício que serve como “bengala” nesses casos é a cor ou desenho utilizado na carroceria do veículo.

Um design bem aplicado nesse caso pouparia esforço, irritação e tempo dos passageiros que não identificam seu ônibus a tempo.

Para que a informação seja bastante clara e coerente com a situação em que será aplicada, deve-se levar em conta também o fato de que o que chama a nossa atenção, em muitos casos, é a mudança. Nossos sentidos são extremamente sensíveis à mudança e objetos estacionados acabam tornam-se parte do plano de fundo e geralmente ficam invisíveis, da mesma forma que sons usuais tornam-se praticamente inaudíveis.

As características físicas do estímulo ao nosso redor são bem diferentes do que é percebido pelos seres que habitam esse espaço e entre as próprias pessoas entre si. Nosso sistema nervoso, por exemplo, reage somente a um determinado alcance de ondas luminosas, de forma que não percebemos os raios infra-vermelhos (percebidos por determinadas cobras) ou os ultra-violeta (que abelhas percebem). Além disso, nosso sistema nervoso é limitado pelos nossos genes, experiências anteriores e nosso estado atual de atenção.

Como explica Maya Pines, escritora especializada em aspectos sociais da medicina, a interpretação do estímulo é feita por uma ação em conjunto dos neurônios receptores de cada órgão relacionado a determinado sentido e o cérebro. Esses neurônios lidam com tipos de energia distintos - eletromagnética, mecânica ou química. Eles parecem diferentes entre si e exibem diferentes receptores de proteínas. Mas o resultado é o mesmo: converter um estímulo em um impulso eletroquímico nervoso, que é a linguagem comum do cérebro.

“O mapa que o cérebro faz do corpo se estende ao longo de uma faixa vertical do córtex cerebral perto do centro do crânio. O córtex - uma lâmina de neurônios ou células nervosas grande e profundamente enrugada, existente na superfície dos dois hemisférios cerebrais - comanda todas as nossas sensações, movimentos e pensamentos” – diz Maya.
De onde veio esse som? Que cor realmente é aquela? O cérebro faz uma escolha dedutiva, baseada na informação em mãos e em algumas simples suposições. Essa conversão é veloz e precisa. Mas ela também é surpreendentemente complicada - tão complicada que o processo não é completamente compreendido pela maioria dos sentidos.

Além disso, a acuidade dessa percepção sofre danos ao longo do tempo e isso deve ser levado em conta no desenvolvimento do projeto. Estudos mostram que o ser humano tem, em média, 25 anos de plenitude dos sentidos. Entre os 15 aos 18 anos todos os sentidos estão amadurecendo totalmente e por volta dos 40 anos, os sinais de fraqueza se manifestam começando pelos primeiros sintomas de falha na visão.

“Com o passar do tempo, o aumento do número de substâncias oxidantes acumuladas no organismo dificulta o perfeito funcionamento do corpo e se torna a maior causa de queda de eficiência dos sensores (órgãos que captam os sinais exteriores, como olhos e ouvidos), das vias de transmissão (os nervos que encaminham os estímulos até o cérebro) e do processamento dos sentidos”. – explica uma matéria publicada no site da Folha Online.

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi Juliana,
Muito fascinante o tema escolhido da sua pesquisa. Gostei do modo como você apresenta as informações teóricas e intercala com experiências pessoais. Isso dá toda uma fluidez ao texto. Seu trabalho é muito bom! Mas como o tema é muito vasto, se você for desenvolvê-lo mais tarde, vai ser importante começar a pensar em delimitações. Você está pensando em preparar projeto de mestrado para o ano que vem?
O curso de extensão da PUC tem relação com sua pesquisa na medida em que vamos nos concentrar em perceber, sentir, apreciar e aproximar "objetos sonoros" e visuais.
Parabéns pelo trabalho e pelo blog ! (acho até que vou criar um pra mim também...).
Abraço,
Alexandre
(alexandre_sfreitas@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Oi Juliana,

Antes de mais nada parabéns pelo seu excelente trabalho! Seu blog é bastante claro e objetivo.
Sou designer e estou fazendo um breve trabalho cientifico sobre design sensorial para a Pos de Design Emocional na PUC PR, e gostaria de incluir, com sua permissão, trechos da sua interessante monografia nele.

Aguardo sua resposta.
Lizandro
lizandrochrestenzen@hotmail.com

Luciano Bicalho disse...

oi Juliana, boa noite!
Parabéns pelo Blog e a forma de abordagem sobre o assunto.
Estamos fazendo um pré-projeto para TCC sobre este assunto e gostaria se possivel de trocar algumas informções a respeito do teu trabalho, vendo que você está bem adiantada sobre este assunto.
Estudamos Design em uma universidade do Interior de Minas e gostaria se possivel de pedir a tua ajuda sobre este assunto. Obrigado e aguardo retorno. Luciano Bicalho - lasb_mg@hotmail.com

Anônimo disse...

oi Juliana, boa noite!
Parabéns pelo Blog e a forma de abordagem sobre o assunto.
Estamos fazendo um pré-projeto para TCC sobre este assunto e gostaria se possivel de trocar algumas informções a respeito do teu trabalho, vendo que você está bem adiantada sobre este assunto.
Estudamos Design em uma universidade do Interior de Minas e gostaria se possivel de pedir a tua ajuda sobre este assunto. Obrigado e aguardo retorno. Luciano Bicalho - lasb_mg@hotmail.com