domingo, 23 de março de 2008

Cap. 4 | Tato

A pele é o maior órgão do corpo humano, chegando a medir 2 m² e pesar 4 Kg em um adulto. É constituída por duas camadas distintas, firmemente unidas entre si - a epiderme (mais externa, formada por tecido epitelial) e a derme (mais interna, formada por tecido conjuntivo).

Logo abaixo da superfície da pele, existem milhões de nervos, que agem como receptores sensitivos, chamados de receptores táteis. São eles que transmitem ao nosso cérebro a sensação de que estamos sendo tocados. Esses nervos atuam em conjunto de uma maneira muito sofisticada. E quando alguma coisa estranha acontece, eles dão o alarme. Esse alarme se chama dor. A intensidade do toque é o que faz com que algo prazeroso se transforme em dor.

Aristóteles incluía a percepção da temperatura e da dor, hoje em dia o termo é mais utilizado para a percepção da pressão por terminações nervosas existentes na pele. Há uma variedade de receptores de pressão que respondem a variações de intensidade (firme, suave, constante, etc.)


Outras informações importantes sobre o tato:

- A expectativa de dor influencia diretamente a sensação de dor. Se a gente acha que alguma coisa vai doer, acaba doendo mesmo.
Foi isso que cientistas comprovaram através da seguinte experiência: Metade de um grupo de voluntários teria que tomar um analgésico, o comprimido amarelo, e a outra metade tomaria o comprimido marrom, uma droga capaz de aumentar a sensibilidade à dor. Ao aumentarem a intensidade dos choques, os que acreditaram ter tomado um analgésico continuam tranqüilos. No outro grupo, o sofrimento tornou-se insuportável.

- Segundo uma matéria no site do programa “Fantástico”, “Se cada parte do corpo tivesse um tamanho proporcional à sua sensibilidade, é assim que o nosso corpo seria: as mãos, que são muito sensíveis, teriam que ser muito maiores; os pés teriam o mesmo tamanho do tronco. Metade do tamanho dos pés seria dos dedos. É por isso que a gente sente tanta cosquinha no pé. O rosto é muito mais sensível que o peito ou as costas. Por isso, teria que ser maior. Os lábios também. E a língua teria o mesmo tamanho das mãos”.


Enquanto a maioria dos sentidos nos informa sobre o mundo, geralmente é o tato que nos permite possuí-lo de fato, de envolver nossa consciência ao seu redor. O consumidor gosta de brincar com o produto e imaginá-lo sendo seu antes da compra.

O toque, sendo ele em um produto em si, a estrutura de uma loja, a temperatura ambiente ou mesmo a maçaneta da porta, é uma dimensão da experiência da marca. Com o aumento da influência da Internet, empresas que investem em uma interação tátil com o consumidor estão sendo cada vez mais valorizadas.

Atualmente, um bom designer deve pensar na melhor maneira de transportar um conceito abstrato em algo palpável, pois grande parte das pessoas prefere investir em bens concretos que em serviços. Por exemplo, mesmo que gastemos o nosso dinheiro em viagens, materializamos essa experiência por meio de fotos e vídeos.

Há vários aspectos diretamente ligados ao tato que dizem respeito ao nosso projeto que devemos considerar.

Ao projetarmos um livro, devemos lembrar que a gramatura que escolhemos para o papel está diretamente relacionada não só com a qualidade da impressão, mas também com o peso do produto e a interação com o leitor com ele. Ninguém gosta de ter que ficar degladiando com as páginas, nem de ter dores musculares por tentar sustentar o peso do livro nas mãos.

Quando pensamos em uma embalagem é fundamental considerar como o consumidor vai interagir com ela. É preciso que ele veja o conteúdo no seu interior antes da compra? Pedidos de amostra ocorrem com freqüência? A proteção reforçada é realmente necessária ou as violações são um indicador que os consumidores querem tocar ou provar esse produto?

É muito comum vendedores terem prejuízo com consumidores que querem ver o efeito de um batom na pele ou que não conseguem ver a cor de um produto através da embalagem e a rompem para poderem tocar, sentir ou ver esse objeto.

Conteúdos bloqueados, lacrados, com acesso dificultado ou totalmente inacessíveis, às vezes são artifícios usados para incentivar a procura ou a compra de produtos e às vezes podem até funcionar. Mas pequenas amostras, demonstrações, aperitivos, acesso parcial têm uma conotação muito mais agradável e na grande maioria dos casos conquistam o cliente a longo prazo.

O sentido tátil está diretamente relacionado com o estudo da ergonomia, que consiste em desenhar produtos e ambientes com foco nas pessoas que vão interagir com ele, e não mais na mecanização do processo. Cada vez mais as empresas se preocupam em ouvir os consumidores nesse aspecto e adaptam desde o design até a produção como um todo, para atender a essa demanda.

Soluções como regulagem de altura, tamanho, moldes de diferentes cores, embalagens que complementam o conceito do produto e adaptam-se à rotina de vida dos compradores estão sendo cada vez mais adotadas.

Entretanto, não podemos esquecer que há outros fatores a serem levados em conta, como o transporte e empilhamento dos produtos, onde o prejuízo por danos nas peças deve ser o menor possível e com menor custo, e a disposição deles no mostruário. O público-alvo desse produto tem fácil acesso a ele? Será que pode ser feita um display em um lugar que estão produtos relacionados com o seu? O ponto de venda pode ser personalizado?

Nunca podemos esquecer que é natural e instintivo do ser humano e de muitos animais sentir, pegar, possuir, para poder conhecer melhor as coisas e sentir-se mais seguro. Ou ninguém está familiarizado com a famosa “olhadinha” que não se satisfaz apenas com os olhos?

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